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A HISTÓRIA DO TEMPO |
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![]() - Talvez - pensou ele - haja alguma coisa que eu possa roubar para fazer meu povo feliz. Os dias foram passando e Mink não encontrava nada que valesse a pena ser roubado. Foi quando pessoas de uma terra estranha, gente cheia de novidades, disposta a modificar o modo de vida de todos os habitantes da terra, chegaram para ficar. - O que essas pessoas têm que nós não temos e que as faz se sentir tão superiores? - pensou Mink. Ele logo descobriu o que era: os forasteiros tinham algo a que chamavam de Tempo. Mink decidiu então que roubaria o Tempo. Um dia esperou até que chegasse a noite e entrou furtivamente numa das casas dos recém-chegados. o Tempo estava guardado no alto de uma bela estante na sala principal da casa. Estava dentro de uma caixa brilhante que fazia um ruído monótono interrompido de quando em quando pelas batidas de um pequeno sino, enquanto pequenas setas pontiagudas se movimentavam em círculos, tentando ultrapassar uma à outra. Mink percebeu que se tratava de uma coisa muito poderosa. De outro modo, não estaria colocada num lugar de honra, dentro de um estojo tão precioso. Agora Mink e as pessoas, além do Sol, tinham também o Tempo. Contudo, ele logo descobriu que não era muito fácil ter Tempo. Ele tinha de ficar observando as setas da caixa brilhante durante todo o tempo a fim de verificar as horas. Tinha de andar com três chaves penduradas no pescoço para dar corda na caixa repleta de Tempo para que esta continuasse a bater. Agora que tinha o Tempo, não dispunha mais de tempo para fazer as coisas a que estava acostumado - pescar, caçar, passear, namorar - como fazia antes. Tinha de levantar-se e deitar no tempo determinado. Tinha de ir a reuniões e de trabalhar quando a caixa do Tempo dizia que era tempo. Mink, e todos com ele, haviam perdido o que tinham de mais precioso: a liberdade. |
CRÉDITOS |
Nossos agradecimentos fraternos à
Editora Pensamento - Cultrix, que permitiu que reproduzíssemos na
íntegra o texto acima. A História do Tempo foi publicada no
Almanaque do Pensamento 1991, página 12.
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